Para curtir a praia com criança, cuidados começam em casa

As praias são o destino de muitas famílias no verão. Mas quando se viaja com crianças adotar certas medidas é fundamental para que o passeio não vire motivo de preocupação. Alguns cuidados começam antes mesmo de pisar na areia.

De acordo com Sandra de Oliveira Campos, pediatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a criança precisa se alimentar bem. Nada de estômago vazio antes de ir à praia ou à piscina. No cardápio matinal, priorize alimentos leves e saudáveis, como frutas.

Outra providência é aplicar protetor solar. De acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), para serem eficientes, todos os filtros solares devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol, com uma camada espessa, e reaplicados a cada duas horas, após entrada na água ou transpiração excessiva. Lembre-se de que bebês menores de seis meses não podem usar o produto.

Mesmo empolgadas com o passeio, crianças precisam descansar entre um período e outro durante a exposição solar. "Elas precisam repor as energias. É o momento de se alimentar adequadamente em casa e de se manter longe do sol em horários indevidos. Quanto menor a criança, mais tempo de descanso ela deve ter", afirma a pediatra Sandra de Oliveira Campos.

Cuidados com o sol

Fonte de vitamina D, o sol faz bem à saúde da garotada desde que se respeite os horários de exposição: até as 10h e depois das 16h, seja qual for a idade do seu filho, e sempre utilizando filtro solar. Vale dizer que a reaplicação periódica é obrigatória, mesmo para os produtos com fatores de proteção altos. A eficiência do protetor ainda depende da aplicação correta, que deve ser feita com atenção em regiões mais vulneráveis a queimaduras, como orelhas, pés e dobras.

Para garantir uma exposição solar segura, além do uso de filtro, é necessário não esquecer do guarda-sol e de colocar um boné ou chapéu na criança, acessório que diminui a incidência de luz nos olhos e serve de proteção para o nariz. "A pele do rosto é muito fina, por isso é mais comum ficar avermelhada. Para evitar esse tipo de queimadura, é bom usar um protetor solar mais forte nessa região e reforçar a aplicação com mais frequência", diz a pediatra.

Hidratação

Sob o sol forte, é preciso não descuidar da hidratação da criança. Distraídas com as brincadeiras na areia e na água, ela dificilmente se lembrará de pedir algo para beber, por isso, principalmente com os menores de seis anos, ofereça algum líquido a cada meia hora.

A recomendação é investir nas opções saudáveis: água, sucos e água de coco naturais, gelatina, picolés de frutas e as próprias frutas, como melancia, melão, laranja e abacaxi, que possuem grande quantidade de água em sua composição. Se optar pelas frutas in natura, uma dica é cortá-las e colocá-las em recipientes de plástico com tampa, dentro de uma bolsa térmica com gelo, para levar à praia, o que manterá o alimento fresco.

Segundo a pediatra da Unifesp, crianças com lábios secos e sede constante podem estar desidratadas. Outro indício de que seu filho pode não estar com o volume adequado de líquido no organismo é a urina dele. "Um bom parâmetro é o xixi bem clarinho -quem não está bem hidratado produz uma urina de cor mais forte; daí basta oferecer mais líquido."

Alimentação

A recomendação principal dos especialistas é ser bastante criterioso ao escolher o que vai dar para a criança comer na praia. Nada de ingerir alimentos de barraquinhas que deixam a comida exposta, sem refrigeração e com higiene duvidosa. Dê preferência para alimentos procedentes de embalagens lacradas e com data de validade, como biscoito de polvilho.

Na hora do almoço, ofereça refeições leves. "Escolha sempre legumes para compor os pratos. Eles são ricos em água e de fácil digestão", afirma o pediatra Jorge Huberman, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Alergia

Brincar com areia faz parte do pacote de diversão da criança na praia, mas para evitar que os menores, até seis anos, desenvolvam algum tipo de alergia é bom ter por perto água doce para lavá-los de tempos em tempos para tirar o excesso.

Também oriente e supervisione seu filho para que ele não queira pôr em prática a corriqueira brincadeira de cavar um buraco, entrar dentro dele e ser coberto por areia, ficando só com a cabeça de fora.

Além do perigo de a maré subir, há o risco de o local estar contaminado com fezes de cachorros e gatos, o que pode provocar infecção por bicho geográfico, entre outros problemas causados por parasitas.

Assim como o protetor solar, o repelente é outro item necessário ao ir à praia com crianças, mas seu uso só é liberado para aquelas com mais de seis meses. Antes disso, por causa de sua composição química, pode causar reação alérgica.

O pediatra Jorge Huberman diz que se deve usar o produto principalmente no início e no final do dia, períodos em que os insetos costumam atacar mais.  Outra orientação é usar o repelente primeiro e só depois o filtro solar, já que este, para proteger adequadamente, precisa estar na superfície da pele. Em casa, nesses horários e pelo mesmo motivo, é bom fechar as janelas dos ambientes. O especialista ainda recomenda o uso contínuo do repelente de tomada.

Segurança

Para que os momentos na praia sejam só de diversão, os pais podem adotar algumas medidas simples para garantir a segurança da criança. No verão do ano passado, 1.161 crianças desapareceram momentaneamente e acabaram perdidas dos adultos responsáveis em praias do litoral paulista, segundo o Grupamento de Bombeiros Marítimo do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Felizmente todas foram devolvidas às suas famílias.

Para que isso não aconteça com você, assim que chegar à praia, vá direto ao posto de salva-vidas mais próximo e retire uma pulseirinha de identificação. Nela deve-se colocar o nome da criança, do responsável e telefone para contato.

Na maioria das vezes, as crianças perdem-se quando vão para o mar, ainda que somente no raso e com o consentimento dos pais. "A criança escolhe o guarda-sol que está com a família como referência, só que ela vai para a água e a maré acaba levando-a para a lateral. Ela começa a andar para procurar onde estava e se perde ainda mais. Por isso a orientação é nunca deixar uma criança sozinha. Ela tem de estar sempre acompanhada por um adulto", afirma o tenente Freire do Grupamento de Bombeiros Marítimo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, coletes salva-vidas e boias de braço são bons recursos de segurança, mas a corporação desaconselha qualquer objeto flutuante na água. "Quem usa um colchão, uma cadeira ou boia perde o contato com o solo e acaba sendo arrastado mar adentro. O ideal é que a criança mesmo dentro da água sempre esteja com os pés na areia", diz Freire.

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Cliente pode poupar mais de R$ 200 mil ao pesquisar crédito imobiliário


Quem sabe pesquisar as taxas de juros e demais custos de financiamento de um imóvel pode economizar dezenas de milhares de reais ou mesmo centenas de milhares ao longo de 30 anos, segundo estimativa do blog Achados Econômicos a partir de dados coletados pela Fundação Proteste.
A entidade levantou o custo efetivo total (CET) do crédito imobiliário em oito bancos, expresso na forma de porcentagem ao ano. O blog Achados Econômicos calculou quanto isso significa em reais, considerando o Sistema de Amortização Constante (SAC), em que as parcelas são mais altas no início e mais baixas no fim.
Um casal com renda de R$ 4,5 mil, por exemplo, consegue um CET de 10,25% ao ano no Citibank, ao financiar 80% de um imóvel de R$ 150 mil. Já na Caixa Econômica Federal, o mesmo cliente obtém o empréstimo a um custo de 8,23% anuais.
A diferença do CET de um banco para o outro é de menos de 2 pontos percentuais ao ano. Parece que não faz diferença, mas este blog calculou que, ao longo de 30 anos, o cliente do Citibank terá desembolsado aproximadamente R$ 300 mil com o financiamento (sem contar o valor da entrada), enquanto o da Caixa gastará menos de R$ 270 mil, ou seja economizará cerca de R$ 30 mil.
O valor que se pode poupar – ou perder – aumenta quanto maior for a quantia financiada. Para parcelar 80% de um imóvel de R$ 800 mil, o cliente do Banrisul, por exemplo, terá um custo de 11,5% ao ano e desembolsará em torno de R$ 1,7 milhão ao longo de 30 anos. A mesma pessoa pode conseguir uma taxa de 9,25% se abrir uma conta-salário na Caixa. Dessa forma, gastará R$ 1,5 milhão no período, ou R$ 200 mil a menos do que no Banrisul.
Veja abaixo o CET em porcentagem ao ano e a estimativa do total a ser desembolsado ao longo do financiamento, considerando três perfis diferentes de clientes.
Perfil 1
Imóvel de R$ 150 mil
Financiamento: 80% (R$ 120 mil)
Renda familiar: R$ 4,5 mil
BancoCET (% a.a)Valor total a ser
desembolsado (R$ mil)*
Caixa (Minha Casa, Minha Vida + FGTS)7,69254
Caixa (sem FGTS nem Minha Casa Minha Vida)8,23263
BB (Minha Casa, Minha Vida + FGTS)9,02276
BB (só FGTS)9,29281
Citibank (relacionamento**)9,36282
Santander (relacionamento**)9,72288
Banrisul9,73288
BB (sem FGTS)9,76289
HSBC9,99293
Itaú10,02293
Bradesco10,16295
Citibank10,25297
  • * Estimativa calculada por meio do SAC
  • ** Taxa válida só para quem tem relacionamento com o banco
  • Fonte: Instituto Proteste. Elaboração própria
Os compradores que podem usar o FGTS ou se enquadram no programa Minha Casa, Minha Vida têm um custo menor no BB e na Caixa, como indica a tabela acima.
Alguns bancos divulgaram qual seria a taxa para quem tem relacionamento com a instituição financeira. No Citibank, por exemplo, quem apenas toma o crédito e não usa outros serviços bancários tem um custo de 10,25% ao ano; já os que têm relacionamento pagam apenas 9,36%, na mesma instituição financeira.
Perfil 2
Imóvel de R$ 400 mil
Financiamento: 80% (R$ 320 mil)
Renda familiar: R$ 11 mil
BancoCET (% ao ano)Valor total a ser
desembolsado (R$ mil)*
Caixa (relacionamento** + conta salário)8,62719
BB (prestação em dia + salário) 300 meses***8,66654
BB (prestação em dia) 300 meses***8,9673
Citi (relacionamento**)9,04738
Caixa (relacionamento**)9,12742
Santander (relacionamento**)9,39754
HSBC9,63764
BB (taxa balcão) 300 meses9,66692
Caixa (balcão)9,67766
Itaú9,79771
Citibank9,93777
Banrisul10,49802
Bradesco10,89820
  • * Estimativa calculada pelo SAC
  • ** Para clientes que têm relacionamento com o banco
  • *** O financiamento do BB para esta modalidade é de 25 anos
  • Fonte: Fundação Proteste. Elaboração própria
Bancos como Caixa, BB, Santander e Citibank informaram as taxas cobradas de quem tem relacionamento com a instituição financeira credora, que são mais baixas do que para os que apenas tomam o crédito.
Os dados sobre o BB, no caso dos perfis 2 e 3, se referem a um financiamento de 300 meses, não de 360, como os demais bancos. Por isso, seu custo não pode ser comparado diretamente com o dos rivais. Mantive-o na lista, ordenado pelo CET, não pelo valor a ser desembolsado. O mesmo banco informou, também, qual a taxa cobrada de quem mantém os pagamentos em dia, como indica a tabela.

Perfil 3
Imóvel de R$ 800 mil
Financiamento: 80% (R$ 640 mil)
Renda familiar: R$ 23 mil
BancoCET (% ao ano)Valor total a ser
desembolsado (R$ milhões)*
Caixa (relacionamento + salário)9,061,5
Caixa (relacionamento)9,251,5
Citibank9,341,5
HSBC9,531,5
BB (prestação em dia + salário) 300 meses**9,591,4
Santander (relacionamento)9,981,6
Caixa10,051,6
BB (prestação em dia) 300 meses**10,081,4
Itaú10,221,6
Citibank10,481,6
BB (balcão) 300 meses**10,581,5
Bradesco11,281,7
Banrisul11,51,7
  • * Estimativa calculada pelo SAC
  • ** Para clientes com relacionamento com o banco
  • Fonte: Fundação Proteste. Elaboração própria
Outro lado
Consultados pelo blog Achados Econômicos, os bancos disseram que o CET informado nas tabelas acima é o máximo cobrado para os três cenários da simulação e acrescentaram que essas taxas são reduzidas dependendo do perfil do cliente e das condições de financiamento. Os valores divulgados no site das instituições financeiras podem ser negociados. A atribuição dos juros é feita de maneira individualizada.
Observação
O cálculo do valor a ser desembolsado é uma estimativa porque o cliente pode optar por financiar ou não algumas despesas, como os gastos com cartório e imposto. Este estudo usou os mesmos critérios para todos os bancos ao projetar o valor total previsto em cada operação.

Como deixar as baratas longe de casa

Quando a temperatura aumenta, nada mais comum do que encontrar baratas pela casa. Se não houver faxina frequente, as chances de as baratas passearem pelas cozinhas e banheiros aumenta ainda mais. Para se livrar desse problema, conversamos com Alexandre Ortega, idealizador da Franquia DDO, que deu dicas infalíveis. Veja só:

Limpeza

Manter a casa limpa é o primeiro passo para evitar baratas. “Livre-se delas mantendo limpa principalmente a cozinha, mais especificamente as prateleiras, as bancadas e até o chão”, diz Alexandre.

Ele também afirma que sempre que houver manipulação de qualquer tipo de alimento, a cozinha deve ser limpa. “De preferência, passe um pano úmido com vinagre branco em todo o piso, pia e paredes onde elas passam”, aconselha o especialista.

Os banheiros, quartos e sala também devem ser limpos com frequência. O que mais chama a atenção das baratas são os restos de alimentos, portanto uma boa limpeza é essencial.

Truques para eliminar de vez as baratas

- Folhas de Louro: Afastam e evitam o retorno de insetos, entre eles as baratas domésticas e francesinhas. Coloque algumas folhas de louro nos cantos da casa e use-as em todos os cômodos: sala, quartos, cozinha e banheiro. Funciona muito bem!

- Frestas: Qualquer tipo de fenda, buracos, frestas, rodapés devem ser tampados, pois são locais comuns para a reprodução das baratas. Portanto, vede-os com borracha, silicone ou até mesmo cimento.

- Óleos Essenciais de Eucalipto e Alecrim: Baratas não suportam o cheiro destes óleos. Pingue algumas gotas em um chumaço de algodão e espalhe pelos lugares onde o inseto aparece com mais frequência.

- Compostos tóxicos: Tome muito cuidado na hora de manusear inseticidas ou sprays. Se preferir esse método para eliminar baratas, escolha os menos tóxicos, como ácido bórico e terra diatomácea.

- Ralos - Esta é uma das principais fontes de entrada de baratas em casa. Para evitar que elas entrem pelo ralo, tampe-os com grelhas ou qualquer tipo de tampa.

Fonte: RevistaCasaLinda

Brasileiro inventor de "luz engarrafada" tem ideia espalhada pelo mundo

Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo.

Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de 'eureka' quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia.

Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.

Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a 'luz engarrafada'.

Mas afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol numa garrafa de dois litros cheia d'água.

"Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor", explica Moser.

Moser protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d'água.

"Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota", diz o inventor.

Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta.

"Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts", afirma Moser.

O mecânico brasileiro Alfredo Moser e suas invenções com garrafas plásticas pet

APAGÕES

A inspiração para a "lâmpada de Moser" veio durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. "O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas", relembra.

Moser e seus amigos começaram a imaginar como fariam um sinal de alarme, no caso de uma emergência, caso não tivessem fósforos.

O chefe do inventor sugeriu na época utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente para refletir a luz do sol em um monte de mato seco e assim provocar fogo.

A ideia ficou na mente de Moser que então começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz refletida.

Não demorou muito para que ele tivesse a ideia da lâmpada.

"Eu nunca fiz desenho algum da ideia".

"Essa é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo", ressalta Moser.

PELO MUNDO

O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro.

Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.

"Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser.

Carmelinda, a esposa de Moser por 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de madeira de qualidade.

Mas parece que ela não é a única que admira o marido inventor.

Illac Angelo Diaz, diretor executivo da fundação de caridade MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã.

A instituição MyShelter se especializou em construção alternativa, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel.

Para levar à frente um dos projetos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido "quantidades enormes de garrafas".

"Nós enchemos as garrafas com barro para criamos as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazermos as janelas", conta.

"Quando estávamos pensando em mais coisas para o projeto, alguém disse: 'Olha, alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está colocando garrafas nos telhados'", relembra Diaz.

Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em junho de 2011. A entidade agora treina pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganharem uma pequena renda.

Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de US$ 1 por dia) e a eletricidade é muito cara, a ideia deu tão certo, que as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.

As luzes 'engarrafadas' também chegaram a outros 15 países, dentre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.

Diaz disse que atualmente pode-se encontrar as lâmadas de Moser e comunidades vivendo em ilhas remotas. "Eles afirmam que eles viram isso (a lâmpada) na casa do vizinho e gostaram da idéia".

Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, utilizando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas.

Diaz estima que pelo menos um milhão de pessoas irão se beneficiar da ideia até o começo do próximo ano.

"Alfredo Moser mudou a vida de um enorme número de pessoas, acredito que para sempre", enfatiza o representante do MyShelter.

"Ganhando ou não o prêmio Nobel, nós queremos que ele saiba que um grande número de pessoas admiram o que ele está fazendo".

Mas será que Moser imagina que sua invenção ganharia tamanho impacto?

"Eu nunca imaginei isso, não", diz Moser emocionado.

"Me dá um calafrio no estômago só de pensar nisso".

Fonte: Folha de S. Paulo

Bolsa Família enfraquece o coronelismo e rompe cultura da resignação, diz socióloga

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO


Dez anos após sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais pobres do país: o tradicional coronelismo perde força e a arraigada cultura da resignação está sendo abalada.

A conclusão é da socióloga Walquiria Leão Rego, 67, que escreveu, com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, "Vozes do Bolsa Família" (Editora Unesp, 248 págs., R$ 36). O livro será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila do shopping Pátio Higienópolis. No local, haverá um debate mediado por Jézio Gutierre com a participação do cientista político André Singer e da socióloga Amélia Cohn.

Durante cinco anos, entre 2006 e 2011, a dupla realizou entrevistas com os beneficiários do Bolsa Família e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o interior do Maranhão, Piauí e Recife. Queriam investigar o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa.

Aproveitando férias e folgas, eles pagaram do próprio bolso os custos das viagens. Sem se preocupar com estatística, a pesquisa foi qualitativa e baseada em entrevistas abertas.
Professora de teoria da cidadania na Unicamp, Rego defende que o Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país. Nesta entrevista, ela fala dos boatos que sacudiram o programa recentemente e dos preconceitos que cercam a iniciativa: "Nossa elite é muito cruel", afirma.


Folha - Como explicar o pânico recente no Bolsa Família? Qual o impacto do programa nas regiões onde a sra. pesquisou?
Walquiria Leão Rego - Enorme. Basta ver que um boato fez correr um milhão de pessoas. Isso se espalha pelos radialistas de interior. Elas [as pessoas] são muito frágeis. Certamente entraram em absoluto desespero. Poderia ter gerado coisas até mais violentas. Foi de uma crueldade desmesurada. Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.

Como assim?
Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.

Qual o impacto do Bolsa Família nas relações familiares?
Ocorreram transformações nelas mesmas. De repente se ganha uma certa dignidade na vida, algo que nunca se teve, que é a regularidade de uma renda. Se ganha uma segurança maior e respeitabilidade. Houve também um impacto econômico e comercial muito grande. Elas são boas pagadoras e aprenderam a gerir o dinheiro após dez anos de experiência. Não acho que resolveu o problema. Mas é o início de uma democratização real, da democratização da democracia brasileira. É inaceitável uma pessoa se considerar um democrata e achar que não tenha nada a ver com um concidadão que esteja ali caído na rua. Essa é uma questão pública da maior importância.

O Bolsa Família deveria entrar na Constituição?
A constitucionalização do Bolsa Família precisava ser feita urgentemente. E a renda tem que ser maior. Esse é um programa barato, 0,5% do PIB. Acho, também, que as pessoas têm direito à renda básica. Tem que ser uma política de Estado, que nenhum governo possa dizer que não tem mais recurso. Mas qualquer política distributiva mexe com interesses poderosos.

A sra. poderia explicar melhor?
Isso é histórico. A elite brasileira acha que o Estado é para ela, que não pode ter esse negócio de dar dinheiro para pobre. Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos.

A sra. quer dizer que a ascensão é só de consumidores?
As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: 'A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto'. Essa delicadeza... a gente se surpreende muito.

O que a surpreendeu na sua pesquisa?
Quando vi a alegria que sentiam de poder partilhar uma comida que era deles, que não tinha sido pedida. Não tinham passado pela humilhação de pedi-la; foram lá e compraram. Crianças que comeram macarrão com salsicha pela primeira vez. É muito preconceituoso dizer que só querem consumir. A distância entre nós é tão grande que a gente não pode imaginar. A carência lá é tão absurda. Aprendi que pode ser uma grande experiência tomar água gelada.

Li que a sra. teria apurado que o Bolsa Família, ao tornar as mulheres mais independentes, estava provocando separações, uma revolução feminina. Mas não encontrei isso no livro. O que é fato?
É só conhecer um pouco o país para saber que não poderia haver entre essas mulheres uma revolução feminista. É difícil para elas mudar as relações conjugais. Elas são mais autônomas com a Bolsa? São. Elas nunca tiveram dinheiro e passaram a ter, são titulares do cartão, têm a senha. Elas têm uma moralidade muito forte: compram primeiro a comida para as crianças. Depois, se sobrar, compram colchão, televisão. É ainda muito difícil falar da vida pessoal. Uma ou outra me disse que tinha vontade de se separar. Há o problema de alcoolismo. Esses processos no Brasil são muito longos. Em São Paulo é comum a separação; no sertão é incomum. A família em muitos lugares é ampliada, com sogra, mãe, cunhado vivendo muito próximos. Essa realidade não se desfaz.

Mas há indícios de mudança?
Indícios, sim. Certamente elas estão falando mais nesse assunto. Em 2006, não queriam falar de sentimentos privados. Em 2011, num povoado no sertão de Alagoas, me disseram que tinha havido cinco casos de separação. Perguntei as razões. Uma me disse: 'Aquela se apaixonou pelo marido da vizinha'. Perguntei para outra. Ela disse: 'Pensando bem, acho que a bolsa nos dá mais coragem'. Disso daí deduzir que há um movimento feminista, meu deus do céu, é quase cruel. Não sei se dá para fazer essa relação tão automática do Bolsa com a transformação delas em mulheres mais independentes. Certamente são mais independentes, como qualquer pessoa que não tinha nada e passa a ter uma renda. Um homem também. Mas há censuras internas, tem a religião. As coisas são muito mais espessas do que a gente imagina.

O machismo é muito forte?
Sim. E também dentro delas. Se o machismo é muito percebido em São Paulo, imagina quando no chamado Brasil profundo. Lá, os padrões familiares são muito rígidos. É comum se ouvir que a mulher saiu da escola porque o pai disse que ela não precisava aprender. Elas se casam muito cedo. Agora, como prevê a sociologia do dinheiro, elas estão muito contentes pela regularidade, pela estabilidade, pelo fato de poderem planejar minimamente a vida. Mas eu não avançaria numa hipótese de revolução sexual.

O Bolsa Família mexeu com o coronelismo?
Sim, enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito. Num programa que envolve 54 milhões de pessoas, alguma coisa de vez em quando [acontece]. Mas a fraude é quase zero. O cadastro único é muito bem feito. Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.

E a questão eleitoral?
O coronel perdeu peso porque ela adquiriu uma liberdade que não tinha. Não precisa ir ao prefeito. Pode pedir uma rua melhor, mas não comida, que era por ai que o coronelismo funcionava. Há resíduos culturais. Ela pode votar no prefeito da família tal, mas para presidente da República, não.

Esses votos são do Lula?
São. Até 2011, quando terminei a pesquisa, eram. Quando me perguntam por que Lula tem essa força, respondo: nunca paramos para estudar o peso da fala testemunhal. Todos sabem que ele passou fome, que é um homem do povo e que sabe o que é pobreza. A figura dele é muito forte. O lado ruim é que seja muito personalizado. Mas, também, existe uma identidade partidária, uma capilaridade do PT.

Há um argumento que diz que o Bolsa Família é como uma droga que torna o lulismo imbatível nas urnas. O que a sra. acha?
Isso é preconceito. A elite brasileira ignora o seu país e vai ficando dura, insensível. Sente aquele povo como sendo uma sub-humanidade. Imaginam que essas pessoas são idiotas. Por R$ 5 por mês eles compram uma parabólica usada. Cheguei uma vez numa casa e eles estavam vendo TV Senado. Perguntei o motivo. A resposta: 'A gente gosta porque tem alguma coisa para aprender'.

No livro a sra. cita muitos casos de mulheres que fizeram laqueadura. Como é isso?
O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo a pedido delas. É o sonho maior. Aliás, outro preconceito é dizer que elas vão se encher de filhos para aumentar o Bolsa Família. É supor que sejam imbecis. O grande sonho é tomar a pílula ou fazer laqueadura.

A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê?
Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.

Há vontade de deixar o Bolsa Família?
Elas gostariam de ter emprego, salário, carteira assinada, férias, direitos. Há também uma pressão social. Ouvem dizer que estão acomodadas. Uma pesquisa feita em Itaboraí, no Rio de Janeiro, diz que lá elas têm vergonha de ter o cartão. São vistas como pobres coitadas que dependem do governo para viver, que são incapazes, vagabundas. Como em "Ralé", de Máximo Gorki, os pobres repetem a ideologia da elite. A miséria é muito dura.

A sra. escreve que o Bolsa Família é o inicio da superação da cultura de resignação? Será?
A cultura da resignação foi muito estudada e é tema da literatura: Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego. Ela tem componente religioso: 'Deus quis assim'. E mescla elementos culturais: a espera da chuva, as promessas. Essa cultura da resignação foi rompida pelo Bolsa Família: a vida pode ser diferente, não é uma repetição. É a hipótese que eu levanto. Aparece uma coisa nova: é possível e é bom ter uma renda regular. É possível ter outra vida, não preciso ver meus filhos morrerem de fome, como minha mãe e minha vó viam. Esse sentimento de que o Brasil está vivendo uma coisa nova é muito real. Hoje se encontram negras médicas, dentistas, por causa do ProUni (Universidade para Todos). Depois de dez anos, o Bolsa Família tem mostrado que é possível melhorar de vida, aprender coisas novas. Não tem mais o 'Fabiano' [personagem de "Vidas Secas"], a vida não é tão seca mais.

"VOZES DO BOLSA FAMÍLIA"
AUTOR Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani
EDITORA Editora Unesp
QUANTO R$ 36 (248 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 19h, na Livraria da Vila - Shopping Higienópolis (av. Higienópolis, 618; tel. 0/xx/11/3660-0230)